domingo, 7 de dezembro de 2008

Soltando os poucos momentos calmos...


Andamos, apressamos o passo, corremos, olhamos para o relógio e percebemos que temos de correr ainda mais, começamos a saltar as poças de água quando as vimos, quando olhamos o autocarro já passou.. Ficamos furiosos, perguntamos porque, sentamo-nos, vimos que temos as calças ensopadas ( se calhar havia mais poças do que aquelas q vimos)...Barafustamos para o ar à espera que alguém nos ouça...Mas nao ouvem. Estão todos demasiado ocupados a andar, a apressar o passo, a correr, a olhar para o relógio e a correr mais ainda...

Desistimos do que tínhamos de fazer..Já nao vamos chegar a tempo de qqr forma...Pensamos quantas pessoas terão barafustado enquanto corríamos desenfreadamente...

Subitamente aparece outro autocarro!!!AHHH, ainda bem!! Com este ainda chego a tempo!!Pelo caminho está um trânsito monumental...A nossa cabeça já vai a mil!! Numa paragem alguem faz sinal ao condutor do autocarro de que quer entrar. Quando pára, a senhora fica uma eternidade a fazer perguntas ao motorista. Depois de algum tempo a pensar, decide que não é a linha que precisa..Aí bufamos!!!!Fazemos um esforço terrível para não começar a barafustar com o Mundo...

Finalmente chegamos ao local...Ao entrarmos, percebemos que alguém está a fazer as nossas funções, a ocupar a nossa cadeira, a sofrer com o nosso stress...Essa pessoa nem se apercebe de que estamos ali..É quando percebemos que é domingo e nao segunda-feira...

Quantas pessoas terão barafustado, pedido ajuda, pedindo a nossa ajuda? Quantos abraços terão ficado pelo caminho? Quantos sorrisos teremos desperdiçado? Quantos olhares nos terão sido dados sem que olhássemos de volta?



Tentativas desenfreadas de procurar o local de onde vinham palavras e sons e expressões e sentimentos e sorrisos e, e, e,e ,e que aprendi a escrever quando mal sabia falar mas quando já sabia sentir...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Memórias recuperadas

Recordações agora relembradas de tempos em que o sonho ocupava um espaço no papel... Pequenos rasgos do passado guardados no infinito espreitando os lugares que a caneta trazia até às palavras...

Dos tempos em que mal sabia falar...Mas quando me ensinaram a sentir...

"À distância de um toque

Quase que me esquecia de como esse teu abraço me acalma, me serena, me conforta, me aquece. De como esse abraço me faz acreditar que uma grande, forte e profunda dor é apenas uma pequena e simples pedra no nosso paraíso de sonhos e sentimentos.
Com o passar do tempo, fui esquecendo os sinais que me mantinham viva. Perdi da memória essa plena sensação de felicidade pura, esse aconchego de protecção absoluta, esse embalo de perfeita tranquilidade. Essa emoção que explode dentro de ti e que a mim me toca, simplesmente, se eu seguir o silêncio do teu olhar.
Agora, sinto que muitas gotas pingaram e mancharam as palavras da minha última carta, da minha última lágrima. Que pingaram e mancharam a forma como falavas com o meu coração. Como é que deixámos acontecer? Como é que todas estas gotas fizeram crescer ervas no nosso caminho? Por que é que deixámos que se lançassem sombras no nosso sonho?
E quando dou pelo escuro, pela tristeza e pela fúria a invadirem-me, eis que a tua luz me guia de novo, eis que a tua linha me conduz. A vida é tão simples, não é? É tão fácil sonhar e imaginar todo o mundo neste sorriso sossegado. Imaginar-me neste mundo que tu criaste para mim, onde não há espaço para a dor. Neste mundo em que só tu vais entrar para o tornares ainda mais belo, para chegares novamente com o teu abraço e dizeres “ Está tudo bem. Eu estou aqui. Nunca te vou abandonar…”. Para sorrires para mim e fazeres carícias na minha face, para cuidares de mim como se eu fosse um bebé desprotegido, para me embalares naquele sonho lindo que só tu conheces.
Mas porquê toda esta fantasia? Porquê toda esta ilusão quando sei, á partida, que a realidade volta sempre? Porquê todo este sorriso quando lá fora o mundo real grita, chora, sofre e faz doer o coração? Simplesmente porque és tu, porque, por ti, vale a pena, porque nunca vai existir ninguém como tu na minha vida, porque sei que só não me dás esse mundo porque não podes. Porque por muito que os meus olhos chorem, por muito que o meu coração sofra tu vais ter sempre para mim um sorriso. E porque, se eu não tiver o meu, tu dás-me o teu. Porque há coisas que não se explicam. Porque sei quem tu és. Porque sabes quem eu sou. Porque isso chega. E porque, por mais que as estradas se estendam e cresçam entre nós, estaremos sempre a olharmo-nos, a vivermo-nos, estaremos sempre perdidos longe um do outro, à distância de um simples toque de olhares."